31.1.09

Talvez fora do cotidiano

Aquela situação era difícil. Declaro que não pra mim. Eu só estava tendo uma noite comum, sentado no sofá, assistindo o já assistido, mas com entusiasmo pra terminá-lo. A casa era da minha namorada, o sofrimento era da minha amiga. A única declaração dada por ela foi “-...morreu!”. Já bastava, os olhos de todos mudaram completamente ao olhá-la. Fiquei sentido; sinceramente não por ele ter morrido (aliás, nem conhecia direito), mas por perceber que aquilo fazia ela sofrer. Como de hábito ou instinto, meus impulsos foram de fazê-la feliz, talvez apenas superficialmente, sobretudo, agora penso se não estaria sendo egoísta, por proporcionar um conflito de emoções. Quero acreditar que foi apenas superficial. Pois bem... Paramos na porta e de lá pude ouvir (mesmo não querendo) os choros e negação de um parente próximo. Paremos por aqui.
Ao redor a vida continuava a mesma. As pessoas não ligavam muito (por não conhecer ou não saber). Momento. Até que encontrei um colega e distribuí a informação. “-Ó como tu fala!” e riu. E ri. Nada de brincadeira, só informei. E aí ele me fez refletir o quanto aquilo é importante para o mundo de outras pessoas. “-Amanhã não terá festa!” foi sua declaração. (OBS: Cidade pequena e respeito). Ele estava alegre e triste. Triste pelo motivo, alegre por talvez prolongar a data da festa ou motivos próprios. Fui pra casa.
No caminho cantei um “flor da pele” e um “13 de maio” mal cantados, admito. O curioso é o aparecimento repentino dessas. Por quê?! Em casa meus pais ouviram-me. “-Descansou!” (Algo que nunca entendi, minto. Descansar pra que e quando, quanto? Eternamente). E comentaram: “-Nós acabamos de assistir Os escondidos...” e adentraram numa conversa de casal. Fiquei só tendo esses pensamentos.
Não é nada pessoal. É apenas curioso e exposição da realidade. O sentimento e a proporção do acontecimento são observados de maneiras diferentes por diferentes. E ainda estamos numa “cidade pequena”.

E tudo isso foi apenas pra dizer: - O tio da minha prima morreu.

Sinto por ti!

28.1.09

"Tu eras perfeito nos teus caminhos, desde o dia da tua criação"

.
.
.

.
.
.
.
.
.
.
.
.
.











Resquícios pós-noite. "Só o que restara:
minha taça, meu sangue e o corpo frio."
.
.
Foto de Fabricio Leal

Resquícios de uma tarde minha e de um tal Dom

Fiquei em dúvida como começar, por isso perdão. Então lá vai!
.
TOLAS PERGUNTAS
.
Pois bem. Tudo passa como antigamente... Os dias percorrem no tempo, minhas rugas vão aparecendo e vou assumindo uma nova forma de vida. Agora perto de fugir da dependência e de inteiramente preocupar-me com meus estados de ser vejo que meu futuro pode não se tornar o que sempre sonhei. Natural quando se é encharcado de realidade.
Como dizem os contos de fadas... Mas nem sempre os fins são felizes. O que acontecerá comigo? O que me espera? Como eu afirmo tudo? Tolice!
A certeza é como a de Bento: “...sei que estou na idade em que a metade do homem e a metade do menino formam um só curioso".
Partimos então!
.
.

DE COMPARAÇÕES FAJUTAS
.
Pergunto-me se seria capaz de cometer tal ato que ele não cometera. É reduzido o sentimento que temos em comum. Não sou e estou com tal intensidade. Ele me parece mais instigado e muito mais duvidoso com olhos, lenços ou camisas dele com tons dela.
Quem conhece profundamente as minhas digitais sabe do que estou falando.
Não seríamos capazes de tamanho ato. Ou seríamos? Somos? Eu confundiria aquela lágrima que nem sequer traçou o resto dela no enterro de qualquer nadador? Do nado escondido e com frutos?!
Seria amizade? Haveria algo mais?
Espero não existir um futuro em que eu precise tomar alguma xícara de café como aquela.
Faria eu meu Ezequiel tomar?
.
.

CASMURRICE
.
...minha cabeça buscava se concentrar no jogo, porém a todo momento uma ideia nova me aparecia. Restava-me poucos peões e uns de alto escalão, assim também se fazia do outro lado do tabuleiro. Possivelmente já se passara uma ou duas horas ali. De quando em vez o silêncio era cortado por um coaxar ou um recado em alto tom. E as ideias fluíam, ao contrário da bebida que me acompanhava. O objetivo de tudo aquilo era esquecer o que acabara de acontecer naquela noite.
Ao fim, recordo-me apenas de acordar por cima da mesa misturado ao líquido escorrido (era vinho ou esse com lágrimas, ou melhor, nenhum desses. Era pegajoso como aquele sentimento que me abatera).
Eu já não estava mais em mim.

.

27.1.09

Quadro d'um instante qualquer

Enquadro essa imagem da minha vida e persisto em não tirá-la de foco. Não é como minha janela que mantém o mesmo morro, mas transforma-se de acordo as estações. Vive fases, mesmo que repita, não será a mesma coisa. Há um pouso de pássaro, há uma folha que cai e outra que nasce. Julgo-me não ingerir nada. Erro-me. Aqui agora enquanto descrevo horrivelmente esse meu estado de espírito (que não sei se existe, entretanto é confortável pensar que sim, ou apenas poético) mudo aquela cor de pensamento por dificuldade em terminar. Fico nesse vai-vem de personalidades... Querendo agradar alguém ou alguma coisa.
É complicado admitir que cometemos bobagens e tudo o que declaramos um dia é chato. Não... Na verdade, nem tanto. O auto-desprezo é fácil... Mais fácil do que buscar um outro enquadramento.
Péssimo. Vomito-me!
.
.
Por esse instante recito isso que penso ser legível. A monotomia abaterá em cima de você quando estiver lendo. Perdoa-me... Nesses segundos que percorro em pensamentos nada de agradável ou interessante aparece. Incapacidade de criar e re-criar. Estou apenas com uma janela aberta, uma mente cansada e uma tarde com nada.

15.1.09

Verão, rotina e as porras

Ultimamente o ar ficou um pouco mais denso. Não sei bem o motivo que causou isso. O clima sim continua o mesmo de outrora. Não é o verão dos sonhos, mas sobrevivo com uma porção pequena de felicidade que não sei de onde emana. Tudo me corre rápido – demais – e não tenho tempo suficiente para preencher todas as lacunas de minhas ideias ou colocá-las em prática, o que seria o mais importante. Não sendo terminadas não passam de ideias... Deve ser.
Não ‘tô com os pés em areias ou em águas frias (estranho para a época). E digo que queria sim... Aqui não passo de sofás esquentados, chuveiros e TV’s. Nem tenho expectativas para dormir, sei que amanhã será uma cópia. Vai ver um besouro mude de posição ou o clipe da hora fique noutra colocação. Quem sabe?
Apenas gostei:
.
.
A Rotina
.
A idéia é a rotina do papel
O céu é a rotina do edifício
O início é a rotina do final
A escolha é a rotina do gosto
A rotina do espelho é o oposto
.
A rotina do jornal é o fato
A celebridade é a rotina do boato
A rotina da mão é o toque
A rotina da garganta é rock
.
O coração é rotina da batida
A rotina do equilíbrio é a medida
O vento é a rotina do assobio
A rotina da pele é o arrepio
.
A rotina do perfume é a lembrança
O pé é a rotina da dança
Julieta é a rotina do queijo
A rotina da boca é o desejo
.
A rotina do caminho é a direção
A rotina do destino é a certeza
Toda rotina tem sua beleza
.
Do comercial da Natura
.
Releve.

Talvez.

Dia após dia percebo a mudança que forma uma crosta em mim. Hoje é difícil saber se é bom ou ruim, certo de que pro passado exista uma definição entre as opções, porém não sei se ainda quero mudar ou isso que vivo já pode ser o melhor. Isso aqui não faz sentido. Desisto... É hábito nosso entrar num ciclo, por vezes de aparência diferente, outras nem tanto. Isso deve ser a vida, e nada além. Ter que experimentar, experimentar e concluir... Não sei bem, mas o que eu disse fará algum sentido num dia.



Ou não.

11.1.09

...escrúpulo bebido.

Eu acabara de abrir os olhos quando não queria. A história que me rodava era - é - curiosa e fazia-me não parar de querer sonhar. Identificava-me com aquele herói nacional - não sei se o termo herói é o mais apropriado, mas era o que achava. Suas características, suas olheiras de mau sono, seu copo e corpo vazio. Sua ira diante a possíveis traições. Essa era a parte em que no momento que acordei eu contemplava. Uma história de amassos mal trocados. Estava perto do ápice, mas um foguete ou uma pedra que jogaram, sei lá. O importante foi a interrupção. Maldito seja aquele que jogou ou quaisquer que fosse.
Voltava para a minha cama e como lido: "...ofícios do homem é fechar e apertar muito os olhos, e ver se continua pela noite velha o sonho truncado da noite moça." Mas não veio. E não vi o rosto daquele infeliz - naquela, feliz por estar amassando - que amassava a donzela (que disso nada tinha). Percebi a raiva que me subira e adentrei a madrugada rodando ponteiros para intimar-lhe a contar se algo acontecera de fato.
No fim eu apenas gostava de me agarrar numa dúvida. Nada mais...

8.1.09

...respire! ¬02





Sorriste do meu desejo?
Loucura! bastava um beijo
Para neles se morrer!














Trecho de Seio de Virgem de Álvares de Azevedo