Aquela situação era difícil. Declaro que não pra mim. Eu só estava tendo uma noite comum, sentado no sofá, assistindo o já assistido, mas com entusiasmo pra terminá-lo. A casa era da minha namorada, o sofrimento era da minha amiga. A única declaração dada por ela foi “-...morreu!”. Já bastava, os olhos de todos mudaram completamente ao olhá-la. Fiquei sentido; sinceramente não por ele ter morrido (aliás, nem conhecia direito), mas por perceber que aquilo fazia ela sofrer. Como de hábito ou instinto, meus impulsos foram de fazê-la feliz, talvez apenas superficialmente, sobretudo, agora penso se não estaria sendo egoísta, por proporcionar um conflito de emoções. Quero acreditar que foi apenas superficial. Pois bem... Paramos na porta e de lá pude ouvir (mesmo não querendo) os choros e negação de um parente próximo. Paremos por aqui.
Ao redor a vida continuava a mesma. As pessoas não ligavam muito (por não conhecer ou não saber). Momento. Até que encontrei um colega e distribuí a informação. “-Ó como tu fala!” e riu. E ri. Nada de brincadeira, só informei. E aí ele me fez refletir o quanto aquilo é importante para o mundo de outras pessoas. “-Amanhã não terá festa!” foi sua declaração. (OBS: Cidade pequena e respeito). Ele estava alegre e triste. Triste pelo motivo, alegre por talvez prolongar a data da festa ou motivos próprios. Fui pra casa.
No caminho cantei um “flor da pele” e um “13 de maio” mal cantados, admito. O curioso é o aparecimento repentino dessas. Por quê?! Em casa meus pais ouviram-me. “-Descansou!” (Algo que nunca entendi, minto. Descansar pra que e quando, quanto? Eternamente). E comentaram: “-Nós acabamos de assistir Os escondidos...” e adentraram numa conversa de casal. Fiquei só tendo esses pensamentos.
Não é nada pessoal. É apenas curioso e exposição da realidade. O sentimento e a proporção do acontecimento são observados de maneiras diferentes por diferentes. E ainda estamos numa “cidade pequena”.
E tudo isso foi apenas pra dizer: - O tio da minha prima morreu.
Sinto por ti!