4.2.11

Pequenas sensações

Ele deixa um lar com o mínimo de claridade possível naquela escuridão. Em pensamento confessa seu medo e, a partir de então, visualiza e planeja inúmeras situações. Enquanto esses “absurdos coerentes” rodam a cabeça dele, seus olhos ficam atentos a qualquer movimento, que é nenhuma. É então que ele tem a oportunidade de vislumbrar a beleza da treva. As estrelas saltam aos olhos clareando com auxílio da tímida lua a iluminar a terra. Os paralelepípedos pintados de branco, tem agora outra função além da limpeza: traceja o caminho e me direciona para o que sei de cor. As casas vão pintando a paisagem, o vento toca seu corpo e transforma sua melodia de paz em um suspense barato. Nenhum som além dos grilos e sapos.
Àquele horário certamente só haveria um grupo de jovens sentados na praça principal, e lá estavam. Agora com um violão nos braços cantando qualquer melodia, cortando o silêncio que se estabelece por toda a cidade. Suas brincadeiras pervertidas, seus risos descontraídos aliviam o pânico que se estabelecera nele. Com seus estalos curva a rua e põem em prática sua tática de disfarce – retira a blusa branca que possivelmente seria ponto de referência... Para que? Nem ele sabe explicar. Quem estaria naquele breu vigiando-o? Não sabendo se isso funcionou pelo menos pôde sentir a brisa do rio na sua pele. A água cantando uma reconfortante canção de ninar, sua mão medindo as chaves, seus olhos e ouvidos atentos, seus passos firmes e calmos. Chega-se a casa. Abre-se o portão. Entra-se. E todo aquele sentimento de liberdade misturado com medo o deixa, o que não é positivo.
Em calor pensa no que lhe ocorrera, no que não ocorrera e em como é maravilhoso ter uma cidade dessas para chamar de minha. Algum orgulho se acha para ter. É nesse quase povoado que seus sentimentos nascem, solidificam e mudam.

Bela noite de falta de energia.