6.4.11

SMS's

Ao som da gaita vislumbro o que me é permitido em vida. Tal tarefa de aprender me cansa a mente e corro para o ócio cultural: sentar-me em um banco e vislumbrar o estranho comportamento do bicho homem.
-
É quando deparo-me com a beleza na coisa diversa e estranha. Eu riu. Deliro e não contesto. Eles vivem, eu sentado observo. E o gosto de interagir me aguça.
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Em fluido espanhol escuto uma conversa ao lado. Os jovens à frente treinam seus raciocínios jogatinos e como se eu retratasse em quadro ponho-me em inserção. Decido-me: estou no lugar certo, vivendo de um modo errado.
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Eu me refaço, naquele momento, a partir das atitudes deles. Assobio um som qualquer, acompanho a gaita. Envolvo-me, falo-te, dialogamos. Danças, me embalo, levanto do banco. Tô no lugar, me encaixando.


Ao encontro que nos permitimos por comunicação instantânea, mesmo ao longe, a alguns quilômetros de falta de tato. Conto-te meu momento e tu sentes o que sinto.
Texto da minha parte e da parte que me entende, Thaís.

5.4.11

cinco dos quatro

nu 3 - josé carlos nogueira



"O sorriso estampado na cara retrai,
seus músculos relaxam,
seu amor movimenta o coração,
nem muito nem pouco.
Rotineiro!"

3.4.11

“...We’re one but we’re not the same..."

Uma característica que possibilitou a determinadas espécies o dom de sobrexistir, por mais controverso que seja não foi a força física ou agressividades superiores, mas sim a capacidade de adaptação a meios, por vezes hostis, e a comutação de benefícios com seres de outras espécies, reunindo assim, habilidades específicas dentro daquilo que biologia gentilmente cataloga como Comunidade.
É fato que, para tal, o grupo em si tivesse que estar bem estruturado e pré-disposto a ter como regra básica a valorização de sua própria espécie, numa escala de prioridades, o que nos remete a analisar a atual sistemática humana. Nos baseamos nos conceitos de sobrevivência. Pensamos primeiro em nós mesmos, nos fechando em espesso casulo de egoísmo, e ensimesmados, destruímos nosso meio comum, como se de nada valesse a vida social, quando de fato deveríamos ter aprendido e guardado isso com os espécimes mais simples de vida.
Fica claro o desafeto do ser pelo outro quando, mesmo em total fartura, produzindo mais do que somos capazes de consumir, ainda somos capazes de negar ao outro o direito de também ter o que comer. Mesmo aquecidos e confortáveis em nossos lares, ainda permitimos ao outro a sensação ruim de morrer de frio.
Ainda matamos o outro por causas mesquinhas, ainda permitimos que crianças cresçam sem conhecer os pais, ainda permitimos que a religião nos transmita a sensação de superioridade a ponto de eliminarmos a alegria do outro para “agradar a deus”.
Vivemos a geração que se desgosta, de pessoas que não conseguem amar a si próprias, quanto mais o outro. Somos competitivos de mais, amamos de menos, mentimos muito e aprendemos desde cedo que mostrar o que somos, o que sentimos e o que pensamos é ser fraco, quando na verdade, é compartilhando coisas, sentimento e fraquezas é que nos vemos fortes.

“We’re one but we’re not the same. So we get carry each other, sisters and brothers.”

Isso só me leva a uma consideração, a de que, como muitas outras espécies que não souberam conviver, não duraremos muito. Mesmo podendo ser um em todos, preferimos ser apenas um, e assim caminha a humanidade na prisão de seus pensamentos egoístas.

Texto de Jesimiel Salles
cedido por e-mail