Todo
esse jogo serve para alguma coisa.
Para se afastar dos domesticados que
prezam e alegam uma racionalidade superior. Tais que fingem saber discutir
conscientemente, que pregam segurar entre as mãos o poder do conhecimento e,
entrando na soma, inferiorizam os que por instinto (e aí se entende por verdadeiro)
agem. Todos os animais, sem exclusão.
Refiro-me ao jogo político que estamos cercados. Hoje, mais que qualquer outro ano,
estamos experimentando toda a encenação da convivência. Temos que pensar
exageradamente no que falar e para não cometer erros, melhor não falar. Percebi
a um tempo que não podemos defender um ideal se nem o interiorizamos, ou
construímos, ou refletimos. A desculpa do mundo
globalizado esconde a burrice que todos estão fadados a viver se não nadam
contra, principalmente a nova geração, que por sinal me incluo. Há uma preguiça
generalizada em refletir e aprender. E é a partir desse princípio que os
oportunistas abraçam a massa, tal massa que não quer ler um livro, ou entender
todas as opiniões, ou refletir nos acertos e erros de todos, e que apenas se
juntam a outrem por que ele acredita ser bom, e se assim é, por que eu também
não posso tomar como meu?
Acho cômico, além de trágico, como os
seres racionais podem se definhar e
se dilacerar ao defender o nome de Zé ou João, enquanto esses dois apertam as
mãos, firmam contrato e riem exasperadamente dos peões que morrem no tabuleiro.
Bonito mesmo é o discurso da primeira página do site de pesquisa que todos
decoram e fazem como se fosse seu: uma
cidade/universidade melhor, com inúmeros projetos de melhorias, com honestidade
e competência, visando a construção de um futuro próspero e... Complementam
com mais palavras bonitas ou não. Não tem problema se não forem bonitas ou se
tiverem erros ortográficos e gramaticais... A massa não liga para esses
detalhes retrógrados (na internet, por exemplo, o importante é se comunicar).
Sabendo que esse discurso realmente quer dizer: quero o poder e a máquina,
depois o que vier é lucro! Todavia, acredito numa porcentagem ínfima que não
copia o discurso, mas reflete sobre ele e age em cima dele.
Pois bem, nesse momento observo a
movimentação dos inúmeros racionais
políticos que brincam em se divulgar, utilizando os peões, as torres, os
cavalos e os bispos para fazer seu nome e, otimistamente, seu bolso crescer. Se
realmente quisessem fazer algo produtivo sobre o território
(cidade/universidade) não olhavam para as pessoas – adversários e eleitores
declarados e discretos – como um partido ou uma cor, e sim, analisavam o
potencial que aquele indivíduo teria para contribuir na sua gestão em prol da construção de um futuro melhor.