15.6.13

Aos queridos.


Esse texto foi imaginado como uma despedida minha à graduação e uma saudação ao tempo novo como profissional que me aparece. Foi matutado para demonstrar como espero que os caminhos sejam inúmeros e que a experiência que obtive de conhecimentos teóricos e práticos sejam acrescidos de mais ideias e informações. Mas esse texto, mentalmente, se tornou nostálgico e me lembrei das coisas que realmente aprendi nesses anos e que eu não deveria deixar passar por entre os dedos sem me apegar. Foi então que elaborei, ao deitar da noite, já com os olhos lacrimosos, esse meu adeus a quem eu tanto amei. Antes de qualquer elogio ou consagração, eu quero agradecer. Digo obrigado aos colegas, que viraram amigos e que viraram irmãos. Obrigado por me ensinar a viver, a possuir responsabilidade sobre os ombros e saber me estabelecer presente nos momentos adequados. A ter a coragem para desbravar percursos desconhecidos e  ansiar por novas conquistas. A ter nas noites mal dormidas o conforto das tuas palavras de estímulos na manhã seguinte, percebendo que tuas energias também já se esvaiam. Obrigado pelos abraços de parabéns e por me apoiar nas dificuldades. Por me tornar mais humano e mais perspicaz com as minúcias que são de fato importantes.
Elogio as pessoas que se agarraram ao meu peito e que pude perceber o quão grande são. Dividindo a juventude comigo e discutindo assuntos e ideais seculares. Elogiar as vozes afáveis que confortaram meu coração na balbúrdia do intervalo com suas melodias peculiares. Às discussões tenras que eram travadas nos percursos do campus. Às risadas enaltecidas devido às ilícitas. Aos suores estabelecidos nas festas e as lícitas divididas entre mesas e bares. Às viagens compartilhadas e o aprendizado de vida obtido.
Nostalgia ao lembrar dos mestres que me encaminharam, apoiaram, perseguiram, travaram e que me tornaram o tão profissional esperado. E dos momentos vividos, que não serão esquecidos.
Amigos, minha dezena, meus três, minhas duas. Não desfalecemos da vida, estamos apenas nos desgarrando, cortando o cordão umbilical, soltando as mãos após anos grudadas. Nesses próximos dias estarei desejando a constante aproximação nos futuros anos, mas me torno realista e não vislumbro tal constância. Então, passarei a vivenciar essa constância nas próximas semanas, se assim me for permitido. 
E desejo a vocês o que busco para mim, plenitude.



Queridos, 
imagino que vivenciarei essas emoções e que esteja sendo assim para vocês.

21.4.13

pavilhão


a ferida nua, despida de qualquer granulação, 
pulsa na lombar da velha que esboça sem esforços 
uma tristeza cruenta e uma voz inaudível.
do outro lado do corredor vejo um senhor,
também sufocado na sua incapacidade de falar,
se tornar violento por qualquer razão que lhe venha perturbar.
não muito diferente em sofrimento 
no canto pobre da situação
sofre em coletivo os seus "joãos"
ao lado das marias e dos josés.
nas camas enferrujadas e sujas de infelicidades passadas
encontramos despojadas em doenças, nossas práticas
a qual passamos como um martírio maior que qualquer outro
como se nosso sofrimento fosse compatível ao que
estamos sendo treinados a cuidar.
não há consolo na água suja do corredor,
não há vida transbordando,
dia após dia olhamos o término de nosso tempo
passado vagarosamente, como se quisesse nos arrancar mais gritos.
e lágrimas. 
e dor.

#dia pouco de um estágio grande