21.4.13

pavilhão


a ferida nua, despida de qualquer granulação, 
pulsa na lombar da velha que esboça sem esforços 
uma tristeza cruenta e uma voz inaudível.
do outro lado do corredor vejo um senhor,
também sufocado na sua incapacidade de falar,
se tornar violento por qualquer razão que lhe venha perturbar.
não muito diferente em sofrimento 
no canto pobre da situação
sofre em coletivo os seus "joãos"
ao lado das marias e dos josés.
nas camas enferrujadas e sujas de infelicidades passadas
encontramos despojadas em doenças, nossas práticas
a qual passamos como um martírio maior que qualquer outro
como se nosso sofrimento fosse compatível ao que
estamos sendo treinados a cuidar.
não há consolo na água suja do corredor,
não há vida transbordando,
dia após dia olhamos o término de nosso tempo
passado vagarosamente, como se quisesse nos arrancar mais gritos.
e lágrimas. 
e dor.

#dia pouco de um estágio grande