31.1.12

Sobre a pouca experiência em Saúde Mental - Autonomia


Quando exposto o tema autonomia numa frase da docente ao comparar a liberdade e independência que o doente mental possui (onde devemos trata-lo de maneira coerente, diferente da nossa forma de tratar uma criança, que ainda possui liberdade, mas sua dependência é claramente maior aos seus cuidadores), questionei até quando isso é possível e qual deve ser de fato essa maneira. Não excluindo saber sobre o que acontece com tais pacientes na realidade.
Com o histórico e a luta da desinstitucionalização é percebida uma situação de conflito entre o doente mental e a realidade que lhe é proposta, habitando numa sociedade excludente e que lhes abandona. É nesse instante que a bioética vem com seu papel de transitar no campo do conflito e das dúvidas existentes em relação ao doente mental.

Partindo desse pressuposto que o princípio da autonomia requer que o profissional da saúde respeite a vontade do paciente, atentando para seus valores morais e crenças.
Observei então um estudo (COSTA, 2011) que tem como objetivo conhecer o pensamento de profissionais de enfermagem a respeito da autonomia do doente mental, contribuindo para enaltecer a importância do respeito em um cuidar adequado.
A princípio se observa as dificuldades que esses profissionais possuem em respeitar tais usuários devido ao preconceito, exclusão, verificando que poderia ser melhorado se aumentasse a consideração sobre a subjetividade, a afetividade e a vulnerabilidade do doente mental.
Senti a necessidade de elucidar sobre o termo autonomia, que significa autodeterminação, poder da pessoa de tomar decisões que afetam sua vida, para poder dar continuidade (COSTA, 2011).
Assim sendo essa pode ser conferida quando é reconhecido a capacidade e as perspectivas pessoais do doente. Tendo além da liberdade de optar, a de agir.
Percebe-se que não se trata de procedimentos básicos ou escolhas rotineiras apenas. A assistência de enfermagem dá ênfase para a visão do paciente ser único, com peculiaridades e potencialidades de crescimento por meio da ajuda. Pela vulnerabilidade dos doentes mentais em meio a atual sociedade é cabível então ao profissional zelar pelo melhor interesse desse paciente, sabendo-se que por vezes essas estratégias de defender a autonomia tornam-se impraticáveis pelos doentes apresentarem violência, hostilidade e opressão.
Como resultado desse estudo supracitado, algumas categorias foram tracejadas como facilidade de organizar a conduta dos profissionais diante ao atendimento prestado ao doente. São: o bem do doente, necessidade de analisar e compreender, a percepção da vulnerabilidade do doente e seus apelos, condutas relacionadas com a autonomia do doente mental, as racionalizações, concepções de políticos sociais no cuidado a doentes mentais, recursos de um bom atendimento e a descrença na recuperação.
O objetivo de exposição dos pensamentos dos profissionais a respeito do cuidado quanto a autonomia dos doentes foi alcançada, reconhecendo sua importância. Entretanto alguns profissionais acreditam que o paciente deve permanecer sob vigilância constante, podendo observar algum preconceito ainda.
É necessário balancear a razão e a emoção, as situações e o comportamento do doente mental, buscando esse respeito justo a essas pessoas.

COSTA, José Raimundo Evangelista. Respeito à autonomia do doente mental: um estudo bioético em clínica psiquiátrica. Revista BioEthikos. Centro Universitário São Camilo. 2011. 65-75.

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