5.3.11

nota de um perdido - a chuva

"Os estrondos prenunciam um majestoso temporal, e o vento frio, com respingos de chuva, nos trazem à tona um grandioso espetáculo: 'A tempestade'".

De repente fui abraçado e envolvido por um calor que logo percorreu todo meu corpo. A princípio assustei muito, não havia ninguém na rua, chovia forte e de repente aquilo. Fui rendido de surpresa, mas tão logo fui levado por sua afável força. Só assim então, retribuí-lhe o afeto, me entreguei e me deixei ser levado.
Era tudo luz e calor, vindo diretamente das mãos fortes de Zeus, me arritimava o coração, com ataques esporádicos que tão logo me arremetiam a realidade. Mas naquele momento toda preocupação com o tempo, com os outros, com o jantar, com o trabalho, com o pneu furado da bicicleta, no que diria por me atrasar, tudo, simplesmente devaneava ao longe, como um passado distante, que agora não mais interferia no curso das coisas.
Tão breve e inesperado veio, como também se foi, a luz se apagava e o calor bom que me tomara dantes, agora já se fazia entender como o início triste e furtivo de carne tostada por toda sua energia. A palpitação contentosa, agora já se dava em espasmos de adrenalina que meu corpo emanava ao tentar normalizar minha pulsação descontrolada, meu respirar dificultava-se, tão logo me entreguei, ali mesmo, naquele cruzamento de rua, fechei os olhos, e o que sobrou foi meu passado estirado. Agora era espírito livre.

Texto por Jesimiel Salles
cedido por e-mail

Nenhum comentário:

Postar um comentário