11.11.11

Qual a forma acertada do cuidar?


A cultura da saúde mental, antigamente, mantinha um “estufar de peito” por ver seus centros manicomiais cheios, repletos de pessoas sem rumo, sem continuidade na história, sem expectativa de vida. Encarcerados num entretenimento vicioso em mantê-los ocupados com a desocupação, tornando-os doentes constantes, focando o valor monetário e a boa vida no trabalho – entende-se vida fácil e autoritária na rotina.
O filme nos mostra essa realidade degradante que sobrevivia no século passado. Os profissionais utilizavam de uma autoridade para controlar seus bens orçamentários, acreditando estar fazendo o papel orgânico-social-psicológico correto com aqueles indivíduos. A vida que era proposta a esses seres com problemas mentais era humilhante, desonrosa e frustrante de ideias, sonhos e ideais. Não se existia probabilidade de se viver ao adentrar nessas instituições, nos direcionando a ter sentimentos de revolta aos profissionais e compaixão aos internos.

Observando a trajetória do protagonista vislumbramos sua sanidade utilizando dos centros de cuidado mental como fuga de uma realidade pior existente nos presídios. Ao decorrer do longa-metragem percebemos que a realidade ali demonstrada não era tão diferente com relação a sofrimento do que a vida anteriormente. Com o intuito de melhorar a qualidade de vida desses clientes, mostrar-lhes possibilidades para o futuro e o que existe fora daquelas grades sofre, então, punições por parte dos administradores e, ditos, cuidadores por infringir regras expostas rotineiramente.
Ao término de sua trajetória visualiza-se que mesmo tendo sofrido – uma possível – lobotomia, a qual o deixou em estado vegetativo, seu ideal de cuidado e oportunidades foi disseminado, impregnando os seus colegas com coragem e visão que transcende aquele mundo fechado.
Tão importante quanto verificarmos o potencial que o ser humano tem na busca de uma melhora de vida, é a persistência da tradição e o controle autoritário que os profissionais dessa específica área mantinham defronte aos pacientes. Conceituavam e radicalizam o cuidado sobre esses, utilizando-se de metodologias agressivas, invasivas, desrespeitosas e punitivas para controla-los, fugindo de conceitos básicos de ética, integralidade e igualdade que são pregados em códigos de ética, declarações de direitos humanos e trabalhos afins, que privam pelo verdadeiro – íntegro – cuidado dos seres humanos.
A proposta dita por Benedetto é reabilitar e para isso, antes de outra coisa, precisa-se entender o seu significado. Não é apenas passar o cliente/paciente de um estado de desabilidade, por exemplo, para outro de habilidade, assim como fazê-lo aprender algo que antes não sabia. Implica em uma estratégia de mudança geral na política que a saúde mental encara. É a mudança de todos os personagens que estão inseridos nessa rede de cuidado.
Tendo esse conceito base, percebemos ao decorrer da trajetória da saúde mental esses passos – mesmo curtos – para essa modificação de maneiras de cuidar, perspectivas de trabalho e concepções que norteiam os profissionais. Partindo do que foi exposto no filme (hospitais manicomiais) para os centros de atenção psicossocial que, hoje, integram os pacientes com seus familiares e sociedade, tornando mais ágil seu processo de reintegração e mesmo reabilitação.
Tal reabilitação é um processo complexo que age em diversos cenários contratuais da vida do ser humano e que sendo assim, ocorre com os que possuem problemas mentais necessitando de maior atenção para que esse processo de reconstrução torne-se completo, sendo um exercício pleno de cidadania. A barreira que deve ser rompida pelos profissionais da área de saúde mental é a do entretenimento – manter dentro, de tais hospitais, reproduzindo enfermidades -, utilizando-se para isso essa reabilitação, pondo um fim nesse adestramento físico e mental.

2 comentários:

  1. leio um texto desse e me desanimo quando o assunto é 'escrever'. velho... eu escrevo muito mal, na boooa! se a professora der notas por comparação, a minha acabou de cair de um penhasco monstruoso

    ResponderExcluir